sexta-feira, 20 de maio de 2011

Criação de Personagens (1-4) - 1# As Tendências

As tendências, ou o que chamamos também de ''alinhamento'', é uma espécie de orientação bem básica na hora de construção de personagens. Tratam-se de três coordenções (Leal ou Ordeiro - Neutro - Caótico), seguida sempre da caracteristica de ''bom, neutro e mau''. Percorreremos por todas elas neste pequeno tutorial, com exemplos de personagens famosos que podem ser caracterizados por essas denominações.

Só lembrando que - O alinhamento trata-se do ''esqueleto'' do personagem, antes de começar a trabalha-lo e lapida-lo, é indicado que se use uma dessas tendências. Mas se não quiser seguir nenhuma, nada te impede de pular para a segunda etapa, que sairá em breve. E é claro, não acredite que a fórmula te dará milagres. Quem faz a ora é sempre o artista, mas posso lhe indicar alguns caminhos.




1* - Leal ou Ordeiro

É o personagem que segue regras, sejam elas internas ou externas (hierarquicas, por exemplo). Sendo assim, a melhor representação dessa classe seria uma espécie de ''paladino'' medieval. Mas o que vale é não se ater ao ''senso-comum'' e brincar com essas leis. O personagem, por exemplo, pede ser um exilado, mas que tem um conjunto de crenças internas (ideológicas ou religiosas) que lhe tornam heróico ou bondoso.

Um bom exemplo disso é o anjo guerreiro ''Ablon'' de ''A Batalha do Apocalipse'', livro de Eduardo Spohr. Ablon foi banido dos céus por desafiar a soberania ditatorial dos Arcanjos, mas, apesar de não seguir uma determinada instituição, possui seus valores e ideais; luta e vive de acordo com esse bojo de verdades, que tem coerência para o personagem. Isso, tratando-se de um personagem ''bom''.

Super heróis estão atados a essa modalidade também. Mas, como eu disse, o legal é subverter as regras. Quando Allan Moore escreveu seu ''Watchmen'', ele teve a brilhante idéia de construir ''heróis mascarados'' com fraquezas e pontos negativos. Personagens como o ''Coruja'', que são frágeis e que possuem uma noção levemente turva, podem ser considerados ''Ordeiros Neutros'' - que não praticam necessariamente o ''bem ou o mal'', mas que servem como peões. Possuem seus sentimentos em relação as coisas, mas não sabem direito o que fazer. Em ''Watchmen'' o Coruja é uma figura completamente perdida e desolada, que funciona mais como um peão ou um paliativo á criminalidade. Em determinado ponto, ele mesmo diz ''quem precisa de tudo isso para bater em puta e trombadinha?''.


Um personagem maligno deste alinhamento, muito é retratado como um ditador, ou uma figura vilanesca que tem sede de poder. Como o Imperador Palpatine, de ''Star Wars''; ou até mesmo que possui isso como motivação, apesar de não estar afiliado á nenhuma instituição politica ou ideológica - como o caso de Voldemort, de ''Harry Potter'', que possui um conjunto de regras internas que servem a prositos considerados perversos, mas que também tem uma coerência interna muito grande para o personagem. No caso de Voldemort, tratava-se de subjulgar os que não podem fazer magia, e ''purificar'' o sangue dos que podem.


2* - Neutro

Quando um personagem é neutro, a coisa torna-se mais complicada. É uma área muito mais nebulosa, e que dá muito mais trabalho para o escritor. Basicamente, o neutro é colocado como uma espécoe de personagem ''indeciso'' - que não sabe em que lado está, ou que nem mesmo quer escolher um lado. Exemplificando, poderia ser o ''bandido que tem causas nobres'', ou o guerrilheiro/mártir (tipo o Che Guevara HAHA). Realmente, não há muito o que falar ai, trata-se mais de uma questão de imaginar e criar - justamente, esta é uma das areas mais próximas da realidade, aonde o personagem trás em seu cerne, capacidades para fazer o bem e o mal também.


3* - Caótico

Muitos acreditam que caótico é pura e exclusivamente perverso. Não é bem assim. O Caótico é o oposto do ordeiro, que não necessariamente é mau, mas que não segue nada além de si mesmo, e suas intuições. É o que busca beneficio próprio, tendo que passar por cima dos outros ou não. Sem leis, sem convicções. É um ''espirito-livre'' (entre muitas e muitas aspas)

O ''Caótico Bom'' é como um anti-herói. Ele até possui malicia, mas procura machucar o menor numero de inocentes possivel. Como Wolverine, ou até mesmo (quem diria) Jack Sparrow, que possuem um senso de ''moral e ética'' diferente de outros personagens bondosos. Sparrow é mais interessante, já que ele é como algo ''entre o caótico bom e o caótico neutro'' - ele pratica o bem quando lhe dá na telha, mas na maior parte das vezes ele é bondoso, podendo até ser heróico e se sacrificar por algo.

Já o ''Caótico Neutro'' é o personagem que simplesmente, não pertence ao mundo. esta na batalha por seus motivos e INEVITAVELMENTE será bom ou mau em algo, ainda que podendo variar durante o desenrrolar da trama. Como o Comediante, ainda de Watchmen, que tinha sua tendência a ir para o bem, mas que se corrompe e se torna mais pervertido conforme os anos se passam.

O ''Caótico Mau'' é o ápice da maldade. Ele não só não possue regra nenhuma, mas vai passar por cima de quem precisar passar para atingir seus objetivos, sempre perversos. Como o ''Coringa'' em ''O Cavaleiro das Trevas'', ou Victor Krueger'' em ''Highlander''. Dai, cabe a mente do artista criar em cima desses arquétipos. Pode ser um assassino, um bárbaro selvagem, um terrorista... qualquer coisa que não traga nada de bom.



Para finalizar, vale retomar, que isso é só uma indicação do que se fazer. Muitos autores não se importam com como eles vão estruturar seus personagens, mas eu, particularmente, achava interessante começar dando exemplos do que são estas tendências e de como aplicá-las ao texto, mantendo sempre a coêrencia interna da narrativa.

(continua)

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